Breve Histórico da devoção à Sagrada Face

Irmã Maria Pierina de Micheli tomou o hábito das Filhas da Imaculada Conceição no dia 14 de maio de 1914.

Alma ardente de amor a Jesus e às almas entregou-se desde logo incondicionalmente ao Esposo Divino, e Ele a fez objeto de suas complacências.

Desde criança, praticava atos de reparação, os quais, aos poucos, levaram-na a uma imolação completa de si mesma. Por isso, não é de admirar, que, quando menina de 12 anos apenas, na Sexta-feira Santa, na Igreja de São Pedro em Milão, ouvisse uma voz bem clara a dizer-lhe:

“Ninguém me dá um beijo de amor na Face, para reparar o beijo de Judas”.

Quando noviça ainda, obteve a licença de fazer a adoração noturna, e quando na noite de Quinta-feira Santa estava rezando diante do Crucificado, escutou as Palavras:

“Beija-Me!”

Irmã Pierina obedeceu sem demora, e seus lábios, em vez de pousar sobre uma face de gesso, sentiram viva a Face de Jesus. A noite inteira passou na Igreja, pois, quando a Madre Superiora ali a encontrou, já era de manhã. O coração abalado com o sofrimento de Jesus, sentiu o desejo de reparar os ultrajes que Ele recebera na Sagrada Face e continua a receber cada dia no Santíssimo Sacramento.

Em 1919, Irmã Pierina é transferida para a casa-mãe em Buenos Aires. Ali, no dia 12 de abril de 1920, quando durante uma oração se queixava de suas aflições, Jesus se lhe manifestou ensanguentado, e com ternura e dor ao mesmo tempo lhe disse:

“E Eu, que é que fiz?!” (Para sofrer tanto)

“Destas palavras nunca me esquecerei”, escreveu Irmã Maria Pierina em seu diário.

Mas agora compreendia a devoção a Sagrada Face, que daí em diante se tornou seu livro de meditação.

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Em 1921, voltou para Milão, onde continuou a intensificar seu amor a Jesus. Eleita, logo depois, Superiora da casa de Milão, não tardou a ser nomeada Superiora regional da Itália. Mas, apesar de seus muitos trabalhos, não deixou de ser apóstola da devoção à Sagrada Face, tanto entre suas Irmãs como entre as pessoas conhecidas; contudo, procurando sempre ocultar seus privilégios divinos, dos quais as próprias Irmãs de hábito, raríssimas vezes, foram testemunhas. Irmã Maria Pierina, um dia, até pediu a Jesus que sua vida passasse desapercebida; pedido que lhe foi concedido.

Com o passar dos anos, Jesus se lhe manifestava de vez em quando, ora triste, ora ensanguentado, pedindo sempre reparação. E foi por isso que o desejo de sofrer e de se sacrificar pelas almas cresceu mais e mais no coração de Irmã Maria Pierina.

Durante a oração noturna da primeira sexta-feira da Quaresma de 1936, Jesus, depois de havê-la feito participante das dores da agonia do Getsêmani, disse-lhe, mostrando Sua Face coberta de sangue e tomada de grande tristeza:

“Quero que minha Face, que reflete a íntima aflição de Meu ânimo, a dor de Meu coração, seja mais honrada. Quem Me contempla, Me consola! ”

Na terça-feira santa daquele ano, Jesus tornou a dizer-lhe:

“Cada vez que se contemplar Minha Face, derramarei Meu Amor nos corações, e por meio de Minha Sagrada Face obter-se-á a salvação de muitas almas”.

Na terça-feira santa de 1937, depois de ter sido instruída na devoção à Sagrada Face, conforme ela escreveu, Jesus lhe disse:

“Pode ser que algumas almas receiem que a devoção e o culto da Minha Face venham a diminuir a do Meu Coração. Diga-lhes que, ao contrário, será completada e aumentada. Contemplando Minha Face, as almas participarão de Minhas Dores e sentirão a necessidade de amar e reparar. Pois, não será esta a verdadeira devoção a Meu coração?”

Essas manifestações de Jesus tornavam-se cada vez mais insistentes. Em maio de 1938, quando ela estava rezando, apareceu-lhe sobre o altar numa esfera de luz uma senhora, que tinha na mão um escapulário, firmado de dois paninhos de flanela unido por uma corda. Em um se viu a imagem da Sagrada Face de Jesus com as palavras: “Ilumina Domine, vultum tuum super nos!” (Fazei resplandecer sobre nós, Senhor Vossa Face) (SI 66) e no outro uma hóstia, cercada de raios e com as palavras em volta: “Mane nobiscum, Domine!” (Ficai conosco, Senhor) (Lc 24,29).

Lentamente, esta Senhora então se aproximou e lhe disse: “Escuta bem e transmite a teu padre confessor que este escapulário é uma arma de defesa, um escudo de fortaleza, um penhor de misericórdia, que Jesus quer dar ao mundo nestes tempos de sensualidade e de ódio contra Deus e a Igreja. Os verdadeiros apóstolos são poucos. É necessário um remédio divino, e este remédio é a Sagrada Face de Jesus. Todos aqueles, que trouxerem um escapulário como este, e fizerem, sendo-lhes possível, uma visita cada terça-feira ao Santíssimo Sacramento, para reparar os ultrajes que recebeu a Face de meu Filho Jesus durante sua Paixão, e que recebe cada dia no Sacramento Eucaristia, serão fortificados na fé, estarão prontos para defendê-la, e hão de superar todas as dificuldades internas e externas. E além disso, terão uma morte serena sob o olhar de meu Filho Divino”.

Também, os avisos de Nossa Senhora se tornavam cada vez mais insistentes, e Ela disse que não estava em poder de Irmã Maria Pierina executá-los, e precisava da licença de quem guiava sua alma, e de dinheiro para custear as despesas.

No mesmo ano, Jesus lhe apareceu de novo e, ainda suando sangue, disse com grande tristeza:

“Vê como sofro! E por poucos sou compreendido. Quanta ingratidão por parte daqueles que dizem que Me amam! Tenho dado Meu coração como objeto sensibilíssimo de Meu grande Amor pelos Homens, e dou Minha Face como objeto sensível de Minha dor pelos pecados dos homens. Quero que ela seja honrada com uma festa própria na terça-feira da quinquagésima, festa precedida por uma novena, durante a qual todos os fiéis façam reparação Comigo, unindo-se à participação da Minha dor”.

Em 1939, Jesus lhe disse novamente: “Quero que Minha Face seja venerada, particularmente, nas terças-feiras”.

Madre Maria Pierina julgava mais urgente o pedido de Nossa Senhora: solicitou por isso, logo de seu diretor espiritual a devida licença, e pôs mãos às obra, embora lhe faltassem todos os meios. O fotógrafo Brunnert lhe deu licença para cunhar medalhas conforme o quadro reproduzido por ele da sagrada Síndone de Turim, e em nove de agosto de 1940 recebeu também a devida licença da Cúria de Milão, permitindo fazer medalhas da Sagrada Face, o que até então era proibido. Mas como executar seu desejo sem recurso algum? Certo dia de manhã, quando Irmã Maria Pierina entrou em seu quarto, encontrou na mesa um envelope, que continha onze mil e duzentas Liras, precisamente a quantia das despesas.

 

O demônio, enraivecido por isso, atormentou aquela alma para impedir-lhe a divulgação da medalha; jogou-a pelos corredores, pelas escadas e atirou-lhe quadros e imagens da Sagrada Face. Mas Irmã Maria Pierina suportou tudo isso e ofereceu também estes sofrimentos para que a Sagrada Face fosse venerada.

 

Preocupada por ter mandado fazer medalhas e não escapulários, a Irmã recorreu a Nossa Senhora.

No dia sete de abril de 1943, a Santíssima Virgem lhe apareceu e disse: “Minha filha, não se preocupe, pois, o escapulário é substituído pela medalha, com as mesmas promessas e favores. Só resta difundi-las mais ainda. Ora, interessa-me muito a festa da Sagrada Face de meu Divino Filho. Diga-o ao Papa, que esta festa tanto me interessa”. Em seguida abençoou-a e desapareceu.

A mensagem confiada à piedosa Religiosa não podia ser mais suave e precisa; suave com relação à Sagrada Face do Redentor e à Santa Hóstia; preciosa com relação à segura conservação da fé e à morte mais auspiciosa.

 

A medalha foi cunhada, sendo a primeira enviada ao Santo Padre, gloriosamente reinante. Depois, começou a ser distribuída e logo, reconhecida como miraculosa. Soldados, burgueses, homens, mulheres, jovens, velhos, crianças, sãos, enfermos, presos, prisioneiros de guerra, cristãos, bêbados: todos experimentaram seu prodigioso efeito. Na terra, no mar, nos aeroplanos, nos submarinos, alcançaram-se graças e milagres sem fim, quase incríveis. Não há notícia de um só condenado à morte que, tendo levado a medalha, tivesse sido executado: todos foram salvos.

Madre Maria Pierina faleceu, unindo-se Àquele que amou tanto, em 26 de julho de 1945. Sua morte não teve as características da morte dos homens em geral; foi uma passagem de amor, como ela mesma escreveu em seu diário no dia 19 de julho de 1941: “Tenho sentido uma imensa necessidade de viver sempre mais unida a Jesus, de amá-lo intensamente, para que minha morte seja uma passagem de amor ao Meu Jesus”.

 

Para merecer as graças da medalha da Sagrada Face, é preciso trazê-la, e rezar cada dia cinco glórias ao Pai em honra da Divina Face. Fazendo assim, com certeza absoluta terá, cedo ou tarde, a prova de trazer consigo um poderoso escudo de proteção.

 

Muito me agrada a difusão que fazes de minha imagem. Abençoarei particularmente as famílias em cuja casa minha Face é venerada. Nesses lares, os pecadores se converterão, se Me contemplarem; os bons se aperfeiçoarão e os tíbios se tornarão fervorosos.

Abençoarei seus interesses, tomarei providências quanto a seus problemas, e os ajudarei em suas necessidades, tanto espirituais como materiais. “Ao contemplar-Me dizei: misericórdia, Jesus, compadecei-Vos de nós e do mundo inteiro” (dito no dia 20 de abril de 1968, conforme o livro Pensieri e Riflessioni, nº III, p.55, editado pela casa “Madre Del Divino Amore”, Viale Lunigiana, 30 – Milano).

 

“Desejo que faças uma grande difusão de minha Imagem. Quero entrar em cada família e converter os corações mais duros. Leva-Me aos hospitais, as casas de caridade, às escolas e aos asilos, e fala a todos de meu amor, que é infinito. Eu te ajudarei a encontrar novos apóstolos. Eles serão meus eleitos, e como prediletos terão um lugar especial em meu coração. Suas famílias serão abençoadas, como também seus múltiplos afazeres. Cumprir-se-á o que disse no Santo Evangelho: será concedido tudo a quem em primeiro lugar procurar o Reino de Deus e sua Justiça” (dito no dia 25 de abril de 1969, conforme se lê na página 4 do livro Preghiamo Insieme, editado pela casa acima indicada.)

 

“Aqueles que se empenham em propagar a minha devoção rezem a seguinte consagração: Ó Bom Jesus, que quereis salvar o mundo de hoje com aquele infinito amor com que foi criado e redimido, incluí-me também no número daqueles que querem trabalhar pelo triunfo de vosso Reino de amor na terra.

 

Receba para este fim a total entrega de todo o meu ser. Disponde de mim. Quero difundir a imagem de vossa Divina Face, para que em todas as almas vossa imagem se renove.

 

Jesus, operai milagres de conversão! Chamai apóstolos desta nova era, que por sua vez se encarreguem desta nova missão. Que ondas de vosso misericordioso amor se espalhem sobre o mundo inteiro, e afundando e destruindo os males, renovem a terra, e façam os homens, ao sentir seus corações tomados de caridade, voltarem a viver o Santo Evangelho à luz deste Sol que é Vossa Face”.