Presença Virtual

“O que vos é dito ao ouvido, publicai-o de cima dos telhados” (Mt 10, 27b). Esta orientação de Nosso Senhor Jesus Cristo é sempre referência quando pensamos na evangelização pelos modernos meios de comunicação.

Essa leitura de Mt 10, 27 é tão iluminadora para o cumprimento da missão nos meios virtuais que já em 1975 o então pontífice S. Paulo VI escrevia: “No nosso século tão marcado pelos “mass media” ou meios de comunicação social, o primeiro anúncio, a catequese ou o aprofundamento ulterior da fé, não podem deixar de se servir destes meios conforme já tivemos ocasião de acentuar.

Postos ao serviço do Evangelho, tais meios são susceptíveis de ampliar, quase até ao infinito, o campo para poder ser ouvida a Palavra de Deus e fazem com que a Boa Nova chegue a milhões de pessoas. A Igreja viria a sentir-se culpável diante do seu Senhor, se ela não lançasse mão destes meios potentes que a inteligência humana torna cada dia mais aperfeiçoados. É servindo-se deles que ela “proclama sobre os telhados”, a mensagem de que é depositária. Neles encontra uma versão moderna e eficaz do púlpito. Graças a eles consegue falar às multidões.

Entretanto, o uso dos meios de comunicação social para a evangelização comporta uma exigência a ser atendida: é que a mensagem evangélica, através deles, deverá chegar sim às multidões de homens, mas com a capacidade de penetrar na consciência de cada um desses homens, de se depositar nos corações de cada um deles, como se cada um fosse de fato o único, com tudo aquilo que tem de mais singular e pessoal, a atingir com tal mensagem e do qual obter para esta uma adesão, um compromisso realmente pessoal.” (Evangelii Nuntiandi n. 45 – Utilização dos “mass media”)

Compreendo, pois, que as mídias sociais são uma possibilidade de pregar nos telhados e que a Igreja não pode excluir-se dessa missão em nosso tempo e ainda mais que no mundo moderno as pessoas vivem nas redes de comunicação e que essas se tornaram o novo areópago, ou seja, o local das muitas idéias; então pregar o Evangelho pelos meios de comunicação de massa está mais do que compreendido como um dever missionário.

Mas, a questão que se apresenta é: O que é pregar o Evangelho?
Sim, porque há muita boa intenção na evangelização, mas a ideia de anunciar como atos eventuais ou como realização de conferências, seja em atividades de culto ou de ensino, pode ser uma ideia reduzida do que de fato é o anúncio.

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A missão cristã não consiste em converter o mundo em um paraíso, mas em converter os homens em terras paradisíacas, o coração humano em lugar de comunhão. Um anúncio que tenha como fim a transformação desse mundo em um novo Éden se mostra também reducionista e perigoso. A pregação para converter as pessoas em membros de atividades religiosas também não passa de proselitismo. A pregação é antes o testemunho daqueles que entregaram suas vidas ao Senhor e vivem como cristãos na certeza de que são cidadãos do céu e que, mais dia menos dia, partirão para a Pátria definitiva, isso deve moldar essas vidas e iluminar as outras.

Então, para cumprirmos nossa missão nos desafios e oportunidades do tempo presente somos uma Comunidade, nos organizamos e nos expressamos materialmente em Presenças físicas e geográficas, mas também devemos sê-lo em Presença virtual. Os que passam por nós, quer em nossa casa quer em nosso contato virtual, deve ver a luz de Cristo – “Porque Deus que disse: Das trevas brilhe a luz, é também aquele que fez brilhar a sua luz em nossos corações, para que irradiássemos o conhecimento do esplendor de Deus, que se reflete na face de Cristo.” (II Cr 4, 6)

Assim, a Comunidade Fanuel – Rosto de Deus, não é desse mundo, mas nele está e deve nele estar em Presenças físicas e virtuais de igual modo para Ver e Fazer Ver a Face de Cristo.

Por:
Sandro Fatobene Peres,
um discípulo de Cristo nascido em 1971, pai de família, a quem coube iniciar uma forma de vida que procura ser e mostrar o Rosto de Deus.