A esperança é uma virtude muito importante em nossa vida, pois ela nos ancora aos propósitos de Deus. De muitas formas, ao longo da história da salvação, Deus falou acerca desta questão.
Há um ditado popular que diz: “Esperança é a última que morre”. Será que na perspectiva cristã essa afirmativa é correta?
Vamos compreender sobre esse tema a partir da história de um grande homem da Bíblia: José do Egito. Um personagem bíblico emblemático, décimo primeiro filho de Jacó, foi o filho mais amado por seu pai, sobretudo, por ser filho de Raquel, esposa desejada, que fora tida como infértil. Por essa razão José era considerado o caçula preferido.
Nas Escrituras a partir de Gn 37 até o capítulo 41 temos essa bela história narrada. Vale a pena ler atentamente na Bíblia.
José se torna um homem de Deus, uma vez que aprende o valor da obediência no seio paterno. Entendemos assim, que o grande princípio para vivermos os propósitos de Deus é a obediência; e só pode ser obediente quem aprendeu: “Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve.” (Heb 5, 9). A obediência é o alicerce dos homens humildes. Essa é uma verdade na vida de uma multidão de santos, estes levam a presença Dele onde quer que estejam.
Um filho querido, amado, esperado por seu pai, que recebe um lindo nome: José – “o que acrescenta”.
Durante nossa vida passamos por várias situações que nos frustram, nos desanimam, nos paralisam. Se não tivermos um coração firmado em Deus, viveremos derrotados, desanimados, e aos poucos a mais nobre das virtudes morrerá: a esperança. Esse quadro nos leva a acreditar que o que os outros fazem a nós, influenciam a nossa história. Isso não é verdade! A verdadeira esperança, a verdadeira vitória, vem do que Deus tem para nossa vida.
José é retrato de que a vontade de Deus prevalece contra toda e qualquer adversidade que possa levantar-se contra a nossa vida, contra a nossa família, contra a nossa história, contra qualquer coisa… A Palavra de Deus é definitiva, é eficaz e ela é poderosa para nos levantar e nos colocar diante da presença do Senhor sem perdermos a esperança.
LEIA TAMBÉM:
- O testemunho no lar
- Para onde estou dirigindomeu olhar?
- A expectativa dos justos causa alegria
- O maior investimento de todos
A história de José do Egito nos mostra que desde cedo inimigo de Deus batalhou de todas as formas para tirar de seu coração a esperança.
Primeiramente José é causa de reprovação frente a sua casa por ter um dom especial. Era chamado de “o sonhador”. O quanto esses sonhos de José incomodavam os da sua casa! Isso causava inveja, ira em seus irmãos e muitas vezes o ridicularizavam. Quantas vezes somos motivos de chacota a tantos e até mesmo aos da nossa casa por buscarmos viver o dom de Deus em nossa vida? Pois é, não é fácil, mas frente a isso é preciso prosseguir, é que José fazia. Era somente o começo do trabalhar de Deus na vida dele. Sua vida é marcada por uma série de fatos que demonstram a verdade acerca da esperança.
Outro fato que ocorre em sua vida que poderia paralisá-lo: seus amados irmãos tramam lhe tirar a vida (cf. Gn 37,20), tudo porque o mesmo teria recebido de presente de seu pai uma bela túnica. Será que a inveja revestida de maquinações é capaz de paralisar um homem de Deus? Definitivamente não!
Ainda nesses momentos uma intervenção muda a situação: o irmão Rubem sugere que se não lhe tire a vida, mas o joguem numa cova (cf. Gn 37,21-22). Daquela cova, é vendido como escravo para o Egito, onde estaria fadado a desaparecer em meio a servidão, em uma nação que não servia ao Deus de seu pai. Em terra estrangeira continua a viver seus valores: a sua fé. O que acontece com ele estando ali? “O Senhor estava com José, e tudo lhe prosperava. Morava na casa do seu senhor, o egípcio. Seu se¬nhor viu que o Senhor estava com ele e lhe fazia prosperar tudo o que empreendia.” (Gn 39, 2-3).
José por conta desta característica achou graça diante do seu senhor que o coloca a testa da sua casa. Um escravo se torna chefe da casa da mais alta autoridade do Egito. Mesmo frente a essa posição continua temendo a Deus e vivendo a fidelidade.
Como tudo em nossa vida é marcado por momentos formados de altos e baixos se vê diante de uma situação mui embaraçosa: “E aconteceu, depois de tudo isso, que a mulher de seu senhor lançou seus olhos em José e disse-lhe: “Dorme comigo”. Mas ele recusou: “Meu senhor – disse-lhe ele – não me pede conta alguma do que se faz na casa, e confiou-me todos os seus bens. Não há maior do que eu nesta casa; ele nada me interdisse, exceto tu, que és sua mulher. Como poderia eu cometer um tão grande crime e pecar contra Deus?”(Gn 39,7-9).
A fidelidade a Deus prevalece, mas mesmo assim a mulher de seu senhor trama contra ele alegando que o mesmo havia traído o seu senhor. Isso tudo lhe resulta ser lançado à prisão. Em seu tempo de prisão, por portar a presença de Deus, se torna chefe mesmo ali. Ainda que o preço de fazer o que é certo lhe custe estar privado da liberdade, mantenha-se firme, pois a verdade sempre prevalece. Nossa esperança não está no que nos fizeram!
Ainda nessa condição é usado por Deus para ser canal de bênçãos na vida de um certo copeiro do seu senhor. Este havia traído a confiança do mesmo e por essa razão fora lançado ao cárcere. José interpreta um sonho que lhe confere a liberdade e sua recomposição na casa do imperador (cf.Gn 40,8). Uma vez alcançada esta liberdade o homem demorou a se lembrar de seu amigo. José continua ali, privado da liberdade. Muitas vezes Deus nos permite estar em determinados lugares para sermos instrumentos de bênçãos na vida das pessoas. Nossa esperança não está naqueles em que nos esqueceram, mas está no que Deus pode fazer.
Por fim, passado algum tempo chega ao conhecimento do copeiro, que o faraó tivera um sonho o qual ninguém conseguiria compreender. Somente o homem que andava com Deus tinha a interpretação. Graças ao amigo copeiro, José agora acha graça diante do senhor. É posto como administrador de todo o Egito e abençoa a vida daquela nação: “E disse em seguida a José: ‘Pois que Deus te revelou tudo isso, não haverá ninguém tão prudente e tão sábio como tu. Tu mesmo serás posto à frente de toda a minha casa, e todo o meu povo obedecerá à tua palavra: só o trono me fará maior do que tu. Vês – disse-lhe ainda – eis que te ponho à testa de todo o Egito’” (Gn 41, 39-41). “E o faraó disse-lhe: “Sou eu o faraó: sem tua permissão não se moverá a mão nem o pé em toda a terra do Egito”. O faraó chamou a José Safenat Fanec, e deu-lhe por mulher Asenet, filha de Putifar, sacerdote de On. José tinha trinta anos quando se apresentou diante do faraó, rei do Egito. Ele retirou-se da casa do faraó e percorreu todo o país. A terra produziu abundantemente durante os sete anos de fertilidade” (Gn 41,45-47).
A vida de José é exemplo para nós para perseverarmos no propósito de Deus e nutrirmos a esperança, pois como nos fala Rm 5,5: “E a esperança não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.”
Assim, retomando a pergunta inicial podemos afirmar que se trata de uma grande mentira afirmar que a “esperança é a ultima que morre”. Ela já morreu para nunca mais morrer e o seu nome é Jesus de Nazaré. Por isso tudo, nossa esperança não está no que nos fizeram, mas no que Deus pode realizar em nossa vida.
Por
Marcos Sousa dos Santos – Missionário Consagrado da Comunidade Católica Fanuel – Rosto de Deus.