“E que os filhos conheçam a força que brota do amor…”
Se você leu a frase acima cantando, aposto que continuou “Abençoa Senhor as famílias, amém”. Sim, a frase acima é da famosa canção “Oração pela família” do padre Zezinho, sjc; que em cada uma de suas músicas traz um pouco da catequese católica.
Essa canção, por exemplo, traduz o parágrafo do Catecismo da Igreja Católica sobre o quarto mandamento:
§2223 – “Os pais são os primeiros responsáveis pela educação de seus filhos. Dão testemunho desta responsabilidade em primeiro lugar pela criação de um lar na qual a ternura, o perdão, o respeito, a fidelidade e o serviço desinteressado são a regra. O lar é um lugar apropriado para a educação das virtudes”.
Podemos dizer que os filhos, olhando para o exemplo dos pais, devem ser virtuosos, devem aprender o que é bom. A partir disso entendemos a importância do matrimônio católico; necessário é que os cônjuges se amem e demonstrem esse amor se respeitando, se perdoando, e acima de tudo servindo um ao outro, como entendemos no artigo anterior (“A complementaridade querida por Deus”).
É daí, do amor do pai e da mãe (que antes são um casal), que os filhos aprenderão a amar. É enxergando a mãe-esposa a cozinhar com gratidão que a criança se alegrará em fazer a “comidinha”, e o menino desejará carregar algo pesado para ser gentil com a mamãe, com a vovó, com a maninha.
Sim, o lar é um lugar de exemplo, de educar pelo exemplo, de despertar as virtudes, e porque não dizer, de santificar-nos.
Quando compreendemos isso, passamos a enxergar um ao outro no lar como um trampolim para o céu.
“Que marido e mulher tenham força de amar sem medidas”. Se calcula-se não é mais amor. Santa Teresinha nos diz: “Dou sem medidas, porque quem ama não sabe calcular”. O contrário da generosidade é calculismo. Se ficarmos contando quantas vezes dobramos as roupas ou lavamos o chão, se resmungamos com freqüência sobre ter que buscar os filhos na escola, ou em ter que novamente lavar a louça (ah, a louça!), estamos calculando nosso amor. E não é mais amor, é calculismo, é egoísmo. É medo, melhor, preguiça em dar-se.
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Mas até a louça é amor? Sim. Se o lar é nosso “convento”, nossa “paróquia”, a louça também é meio de amarmos e testemunharmos o amor. Das pequenas coisas nascerá a força para fazer as grandes coisas.
Durante a pandemia meu esposo teve apendicite e precisou fazer uma cirurgia de emergência. Como sabemos, a pandemia limitou-nos em muitos aspectos, e precisei fazer muita coisa por ele sozinha. Era o que as circunstâncias exigiam, e porque depois, a cirurgia foi maior do que esperávamos. Muitas pessoas se ofereceram para ajudar como puderam, mas enfim, numa das noites, já em casa, preparando as nossas filhas para dormir, a mais velha me disse “Nossa mamãe, o papai cuidou da senhora quando a senhora ficou doente, agora é a senhora que está cuidando dele”… Em poucos segundos veio à minha memória todo cuidado que eu tinha recebido do meu esposo após um momento semelhante e rompi em choro na frente das meninas… “É isso mesmo, filha – eu lhe respondi – no casamento, um cuida do outro”. Eu não tinha dito nada. Ela concluiu sozinha, observando.
Que nossas casas sejam um pedacinho do céu, já aqui nesta terra, pois assim, certamente estaremos caminhando para o céu definitivo. “Que no seu firmamento a estrela que tem maior brilho, seja a firme esperança de um céu aqui mesmo e depois”…
CAROLINE DE OLIVEIRA MACHADO, MISSIONÁRIA CONSAGRADA NA COMUNIDADE FANUEL – ROSTO DE DEUS