No evangelho de São Lucas, 14-28-30, diz: “Quem de vós, querendo fazer uma construção, antes não se senta para calcular os gastos que são necessários, a fim de ver se tem com que acabá-la? Para que, depois que tiver lançado os alicerces e não puder acabá-la, todos os que o virem não comecem a zombar dele, dizendo: Este homem principiou a edificar, mas não pode terminar”.
Quem nunca viu uma edificação inacabada? Uma casa pela metade? Incompleta? Sem reboco, nem piso, uma casa em fase de acabamento? Uma família pode não conseguir concluir a construção de sua casa, por falta de recursos financeiros, às vezes até com um certo desânimo, não chegam ao fim da construção, é muita demanda, janelas, portas, telhado, reboco, enfim acabam por habitar numa casa incompleta durante muitos anos.
Se você conseguisse fazer uma selfie de sua casa interior, talvez se depare com uma casa inacabada, uma casa que tem muito o que fazer, muita reforma, muita mudança, manutenção e ordem (I Cor 6,19).
Na liturgia de alguns domingos atrás o Salmista diz que o Senhor completa a obra que começou, e não abandona a obra de Suas mãos (Sl 137,8). Nós edificamos e não acabamos, mas a obra que Deus inicia em nossa vida precisa ser terminada (Fl1,6).
Ele quer acabar a obra que um dia iniciou quando pensou em cada um de nós, Deus é um bom construtor, Seus cálculos não são iguais ao do homem do evangelho, que poderia calcular errado e não conseguir terminar a obra, e ainda poderia ser motivo de chacota. De Deus não se zomba e nem da obra de Suas mãos. Não podemos ser motivos de risos, de zombaria, precisamos deixar o bom construtor terminar o que começou, e não depende do querer de Deus e sim de nossa permissão para que Ele entre e faça todas as reformas que precisa ser feita em nossa casa interior. Quantas coisas estão paradas em sua casa? Quantas reformas Deus tentou fazer na sua vida e você por muitos motivos não permitiu que Ele reparasse as brechas, as rachaduras?
As janelas de uma casa precisam ser abertas, para que o sol entre e ilumine, para que o vento entre e refrigere, para que o mofo e a umidade sejam dissipados. As portas de uma casa precisam ser abertas, para que se tenha acesso ao interior da casa.
A casa acabada é a imagem de uma pessoa madura, que permitiu o agir de Deus reformando e restaurando seu interior, pondo em ordem a bagunça do seu coração e de sua alma.
A umidade das paredes, que revela a frieza da nossa alma. Rachaduras na estrutura, que permite que o pecado e as desordens entrem. Não existe uma casa sem manutenção, imagine uma casa construída há anos, e nunca mais foi pintada, a estrutura da casa nunca mais foi reformada. A falta de reforma pode ser a ruína de uma casa, abala seus alicerces!
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Uma casa não precisa somente de reforma, mas também de ordem. Bagunça de sentimentos, vontades que revelam que não sabemos o que queremos e onde queremos chegar. Não pode existir maturidade se não se sabe o que se quer fazer com a vida. Imagine uma casa muito bagunçada, onde as coisas não estão em seu devido lugar, as roupas estão desorganizadas no guarda roupa, os livros bagunçados na estante, roupas sujas para serem lavadas ou jogadas no canto para serem dobradas e serem passadas. Foerster dizia que governar-se a si mesmo é a primeira coisa que precisamos aprender depois que se aprende a andar. Quem não sabe governar-se a si mesmo é como uma criança sem orientação paterna, como um barco sem leme.
Reformar ou ordenar, não sei qual a realidade de sua casa, mas deixe Deus sentar com você e fazer os cálculos de tudo aquilo que precisa ser restaurado e ordenado. Ele é a nossa bússola que marca o norte, você não foi feito para ser igual um cata-vento que se orienta na direção do vento que sopra mais forte. Dizia alguém que a luz da lamparina do sacrário nos faz enxergar com muito mais clareza as nossas faltas e pecados. Vá e sente-se com Ele.
SIMONE MAGALHÃES DA SILVA DORTTI, MISSIONÁRIA CONSAGRADA NA COMUNIDADE FANUEL – ROSTO DE DEUS