Segundo Tema: A IDENTIDADE DE JESUS CRISTO, DEUS E HOMEM VERDADEIRO
Texto base: Mc 2,1-12 – Citações bíblicas conforme Bíblia de Jerusalém e Ave-Maria
A cura do paralítico revela a IDENTIDADE de Jesus através de Suas ações: além de curar o corpo, Ele afirma ter o poder para perdoar pecados! Antes, já havia curado pessoas e expulsado demônios (cf. 1,29-45), mas não tinha ido assim ‘tão longe’… Ele simplesmente reivindicou um poder divino (cf. Is 1,18) e a reação foi imediata: “Ora, alguns dos escribas que lá estavam sentados refletiam em seus corações: ‘Por que está falando assim? Ele blasfema! Quem pode perdoar pecados a não ser Deus?” (v. 7).
A inquietação deles se justificava… No AT o perdão dos pecados estava ligado ao ministério dos sacerdotes no Templo, envolvia sacrifícios animais, rituais etc. Mas o que eles não sabiam que esta era justamente uma de Suas principais tarefas, relacionada inclusive com o significado do Seu Santíssimo Nome (cf. Mt 1,21) e com o profundo significado de Sua Morte Redentora (cf. Mt 26,27-28).
Não foi necessário que os escribas Lhe dissessem algo, pois Ele penetrou com seu espírito nos seus íntimos pensamentos e questionou-lhes (v. 8). O que devem ter sentido aqueles homens?
Primeiro Jesus misericordioso penetrou a alma espiritual do paralítico, sondou o mais profundo do seu ser e identificou que pior do que a paralisia de seu corpo, era o vazio de sua alma. A este Jesus chamou de filho (profunda demonstração do amor de Deus!) e, então, limpou a mancha do pecado. Agora Ele examinou a mente dos teólogos e desmontou qualquer possibilidade de acusação. Quem sabe não se lembraram do Salmo, que diz: “Senhor, vós me perscrutais e me conheceis, sabeis tudo de mim, quando me sento ou me levanto (…) A palavra ainda não me chegou à língua, e já, Senhor, a conheceis toda…” (138,1-4).
A cura física é extraordinária, porém, os judeus sabiam que Deus dava este dom a algumas pessoas, e o AT falava disso (cf. Ex 15,26; Nm 21,7-9; 1 Rs 17,17-24; 2 Rs 4,18-37; 5,1ss etc.). Também a expulsão de espíritos maus lhes era conhecida (cf. 1 Sm 16,22-23). Mas um homem – que nem sacerdote era – perdoar pecados e penetrar as mentes como fez Jesus, eles jamais haviam sonhado.
Diante deles estava Deus. O que viam? Viam um carpinteiro ensinando pescadores, pregando nas casas, curando pessoas e reunindo em torno de si gente sem muita cultura. Alguém sem títulos de prestígio, manso, mas cheio de autoridade no falar e dado à oração. Mas de repente Ele perdoa pecados, penetra as almas e isso choca mais do que os amigos que arrombam o telhado… Não era um mero profeta à margem do Jordão, um professor de Bíblia. Sim, foi Ele um homem excepcional e por isso é lembrado até hoje, até por gente de outras religiões e pelos sem religião. Mas o essencial não é isto, porque acima de tudo Ele é Deus, o Filho de Deus (cf. Mc 1,1), o Filho por excelência, o Único (cf. Mc 1,11), Ele é a única ponte capaz de ligar céus e terra, Deus ao homem, a única luz capaz de dissipar as trevas do pecado, das doenças e das maldades, o único CAMINHO de salvação, a única VERDADE, o único capaz de dar VIDA em plenitude, de livrar da condenação eterna e introduz uma pessoa no Paraíso. Ele é Deus desde sempre, se fez homem no tempo, assumiu nossa condição humana, morreu injustamente por causa dos piores pecadores, ressuscitou e nos possibilita, por Seu Espírito, sermos transformados – como o paralítico – em filhos amados de Deus. Foi para tornar o Seu Divino Rosto conhecido e amado que Ele nos chamou e nos enviou nas células!