Terceiro Tema: A IGREJA CATÓLICA, CONTINUAÇÃO DE JESUS CRISTO ENTRE OS HOMENS
Texto base: Mc 2,1-12 – Citações bíblicas conforme Bíblia de Jerusalém e Ave-Maria
É notória no texto a questão eclesial. Recordamos aqui tanto da ‘casa de Pedro’ quanto do grupo de homens que mediaram o encontro do paralítico com Jesus, sinal evidente da função mediadora da Igreja.
No estudo anterior vimos que uma das evidências da divindade de Cristo é o Seu poder de perdoar pecados. Pois bem, ensina o Catecismo: “Só Deus perdoa os pecados. Por ser o Filho de Deus, Jesus diz de si mesmo: O Filho do homem tem poder de perdoar pecados na terra (Mc 2,10) e exerce esse poder divino: Teus pecados estão perdoados! (Mc 2,5; Lc 7,48). Mais ainda: em virtude de sua AUTORIDADE DIVINA, transmite esse poder aos homens para que o exerçam em seu nome. A vontade de Cristo é que toda a sua Igreja seja, na oração, na sua vida e ação, o SINAL e INSTRUMENTO do perdão…” (1441-1442).
Foi Jesus quem fundou a Igreja Católica Apostólica Romana (cf. Mt 16,16-18) e a constituiu em autoridade para exercer o Seu ministério de reconciliação (cf. 2 Cor 5,18). Uma confirmação claríssima desta verdade de fé encontramos em Jo 20,21b: “Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós”. Veja, a Igreja é continuadora da missão de Cristo. O Pai, que O gerou, também O enviou; Cristo, que a fundou, também a enviou. Mas não é só isso… Também está escrito: “Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: ‘Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem PERDOARDES OS PECADOS, SER-LHES-ÃO PERDOADOS; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (Jo 21,22).
É pecaminosa a mentalidade moderna, que diz SIM A JESUS CRISTO E NÃO À IGREJA. Isto afeta gravemente o cristianismo e sua identidade. Entenda o seguinte: o cristianismo não é apenas um caminho, entre outros, para chegar em Deus. Ele é o caminho de Deus quem vem aos homens. Não somos nós que O buscamos, mas Ele que, no Seu Filho Único, nos alcança. Deus veio como homem para assumir-nos e redimir-nos, possibilitando-nos a salvação eterna. Este é o MISTÉRIO DA ENCARNAÇÃO (cf. Jo 1,1-18).
A Igreja não é, portanto, de iniciativa humana, não é uma boa religião criada há 2 mil anos para buscar Deus. Ela é de instituição divina, estabelecida por Aquele que nos buscou. Ele a instituiu, de modo que ela é o prolongamento lógico da Sua Encarnação e o lugar privilegiado do encontro com o Pai.
Ela não é um clube religioso, uma livre associação mística, nem é uma ONG. Não tem um regime democrático. Ela é norteada por uma Tradição que nos chega a partir de Cristo e dos Apóstolos; ela confere aos homens a garantia de que é o Filho de Deus que eles encontram na instituição, por exemplo, por meio dos Sacramentos. Cristo continua curando e salvando os pecadores (= paralíticos) por meio de Sua Igreja!
A Igreja de Jesus foi confiada a Pedro (cf. Mt 16,17-19; Jo 21,15ss; Lc 22,31s). Ela é uma instituição salvífica sob o pastoreio de um homem revestido de poder, que é o fundamento visível da Igreja. Ela é apostólica (cf. Mt 10,3; Ap 21,14), católica (cf. Mt 28,18-20; Ap 5,9-10).
“Ser católico não é uma decisão humana, uma opção entre opções, ser católico é uma virtude, uma graça que foi dada por Deus a você e a mim” (Sandro F. Peres).
Confirmação mais clara do que esta Mais claras do que estas palavras
A inquietação deles se justificava… No AT o perdão dos pecados estava ligado ao ministério dos sacerdotes no Templo, envolvia sacrifícios animais, rituais etc. Mas o que eles não sabiam que esta era justamente uma de Suas principais tarefas, relacionada inclusive com o significado do Seu Santíssimo Nome (cf. Mt 1,21) e com o profundo significado de Sua Morte Redentora (cf. Mt 26,27-28).
Não foi necessário que os escribas Lhe dissessem algo, pois Ele penetrou com seu espírito nos seus íntimos pensamentos e questionou-lhes (v. 8). O que devem ter sentido aqueles homens?
Primeiro Jesus misericordioso penetrou a alma espiritual do paralítico, sondou o mais profundo do seu ser e identificou que pior do que a paralisia de seu corpo, era o vazio de sua alma. A este Jesus chamou de filho (profunda demonstração do amor de Deus!) e, então, limpou a mancha do pecado. Agora Ele examinou a mente dos teólogos e desmontou qualquer possibilidade de acusação. Quem sabe não se lembraram do Salmo, que diz: “Senhor, vós me perscrutais e me conheceis, sabeis tudo de mim, quando me sento ou me levanto (…) A palavra ainda não me chegou à língua, e já, Senhor, a conheceis toda…” (138,1-4).
A cura física é extraordinária, porém, os judeus sabiam que Deus dava este dom a algumas pessoas, e o AT falava disso (cf. Ex 15,26; Nm 21,7-9; 1 Rs 17,17-24; 2 Rs 4,18-37; 5,1ss etc.). Também a expulsão de espíritos maus lhes era conhecida (cf. 1 Sm 16,22-23). Mas um homem – que nem sacerdote era – perdoar pecados e penetrar as mentes como fez Jesus, eles jamais haviam sonhado.
Diante deles estava Deus. O que viam? Viam um carpinteiro ensinando pescadores, pregando nas casas, curando pessoas e reunindo em torno de si gente sem muita cultura. Alguém sem títulos de prestígio, manso, mas cheio de autoridade no falar e dado à oração. Mas de repente Ele perdoa pecados, penetra as almas e isso choca mais do que os amigos que arrombam o telhado… Não era um mero profeta à margem do Jordão, um professor de Bíblia. Sim, foi Ele um homem excepcional e por isso é lembrado até hoje, até por gente de outras religiões e pelos sem religião. Mas o essencial não é isto, porque acima de tudo Ele é Deus, o Filho de Deus (cf. Mc 1,1), o Filho por excelência, o Único (cf. Mc 1,11), Ele é a única ponte capaz de ligar céus e terra, Deus ao homem, a única luz capaz de dissipar as trevas do pecado, das doenças e das maldades, o único CAMINHO de salvação, a única VERDADE, o único capaz de dar VIDA em plenitude, de livrar da condenação eterna e introduz uma pessoa no Paraíso. Ele é Deus desde sempre, se fez homem no tempo, assumiu nossa condição humana, morreu injustamente por causa dos piores pecadores, ressuscitou e nos possibilita, por Seu Espírito, sermos transformados – como o paralítico – em filhos amados de Deus. Foi para tornar o Seu Divino Rosto conhecido e amado que Ele nos chamou e nos enviou nas células!