06 – EBS 2017 – Março 2

O RESGATE DA LIBERDADE EM CRISTO E O SEU DESENVOLVIMENTO
Texto base: Rm 5,17-18 – Citações bíblicas conforme Bíblia de Jerusalém e Ave-Maria

No estudo anterior vimos que o Senhor presenteou-nos com o manual de instruções (lei natural) em nossa consciência (ver CAT, 1954s). Após o pecado, porém, esta não foi mais suficiente para nortear as nossas ações para o bem. Desde então, nos vimos divididos, embora não totalmente lesados (CAT, 405.407).

A fim de recolocar o homem no caminho da liberdade, Deus revelou-Se à humanidade, em primeiro lugar ao povo de Israel, a quem outorgou os Mandamentos, quais “instruções paternas” para levar-nos à felicidade (CAT, 1950. 1961). Esta “segunda lei” não é interior, mas exterior, sobrenatural, revelada.

O primeiro estágio desta lei divina foi o Decálogo (cf. Ex 20,1s), cuja finalidade foi sintetizada por Santo Agostinho: “Deus escreveu nas tábuas da lei aquilo que os homens não conseguiam ler em seus corações” (CAT, 1962). Mas mesmo sendo santa, porque vinda de Deus, a lei antiga era imperfeita, já que limitava-se a apontar o que deveria ser feito, não dando-nos, porém, forças para conseguirmos praticar o que pedia; assim, a lei antiga era incapaz de tirar-nos da gaiola do pecado. Mostrava a saída, mas éramos paralíticos…

Mas veio Nosso Senhor e com Ele o Evangelho da graça, que não é mera informação, mas poder para a salvação do que crê (cf. Rm 1,16). Nele, portanto, chegamos ao estágio final e perfeito da lei divina, como testemunhou o Apóstolo: “A lei do Espírito de Vida me libertou, em Jesus Cristo…” (Rm 8,2).

Na lei antiga havia o anúncio da verdade; com o Senhor veio algo a mais: “…A lei foi dada por Moisés, a GRAÇA e a verdade vieram por Jesus Cristo” (1,17). Além de ser Ele mesmo a verdade (cf. Jo 14,6), Nosso Senhor concedeu aos homens “graça sobre graça” (Jo 1,16) para que se movam rumo à verdade e, por ela, sejam livres (cf. Jo 8,32). De fato, Ele assumiu nossa doente natureza humana, entrou em nossa gaiola, rompeu sua porta e, com Sua graça, possibilitou-nos a liberdade dos filhos de Deus (cf. Rm 8,18-25).

Em Cristo somos “pássaros livres”, que devem entoar o cântico da libertação, de forma a despertar os demais pássaros do sono mortal (cf. Ef 5,14). Assim, o maligno, que embora não tenha sido destruído, já não pode manter os redimidos na gaiola, a menos que estes consintam nisto. Mas para não ficar para trás, trabalha com a arma do medo, ameaçando-nos, deprimindo-nos ou envaidecendo-nos, tudo para que desesperemos da conversão ou da santificação.

Quando estamos no Espírito, obtemos liberdade espiritual (cf. 2 Cor 3,17). Estar livre é o primeiro passo, andar ou “voar” em liberdade é o que vem a seguir (cf. Gl 5,16.18.25). E este “voar” é o que significa participar da vida ou da natureza divina, até nos tornarmos semelhantes a Cristo Jesus (cf. 2 Pd 1,4).

Neste processo, três coisas devemos considerar para crescermos na liberdade em Cristo: (1) Jamais abusar da liberdade: somos de Cristo e por isso não podemos fazer, pensar ou falar de tudo ou ir a todos os lugares. Liberdade não é libertinagem; (2) Jamais dialogar com o inimigo, como fez Eva. O correto é desbaratá-lo, como Jesus (cf. Mt 4,1-11 ); (3) Por fim, temos de deixar que o Espírito Santo tire a presunção de nosso coração, que pode manifestar-se ou na confiança em si mesmo – de modo a vivermos eternamente sem depender da ajuda da graça divina; ou, presumindo da onipotência e misericórdia divina – esperando obter perdão sem conversão e glória sem mérito (CAT, 2092).

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