Segundo Tema: O nosso conceito de discipulado (parte 2)
Texto base:At 11,25– Citações bíblicas conforme Bíblia da Ave-Maria
Temos em São Barnabé um grande exemplo do ministério do discipulador no NT.Embora não seja um personagem muito conhecido, sua atuação “discreta” foi imprescindível para a conservação e difusão da Igreja no primeiro século, em função daquilo que fez, sobretudo com o apóstolo São Paulo.
Barnabé foi, literalmente, um discipulador, aquele cristão responsável por CONECTAR as pessoas ao Corpo de Cristo. Seu verdadeiro nome era José, mas os apóstolos deram-lhe o sobrenome de Barnabé, que quer dizer filho da Consolação ou filho do Paráclito (cf. At 4,36-37). Tal mudança se deu em função de sua atitude na comunidade; sua atitude fez os apóstolos lembrarem-se do Espírito Santo e de Sua obra, que é consolar ou encorajar (cf. Jo 14,16.26).
Após o encontro pessoal com o Senhor Jesus Paulo tentou ligar-se à comunidade em Jerusalém, mas os irmãos – conhecendo sua terrível fama (cf. At 8,1; 9,1) –, temiam-no e evitaram-no. Em outras palavras, feliz da vida após o encontro com Cristo Paulo foi rejeitado pela Igreja da cidade de Jerusalém (cf. At 9,26). Foi um balde de água de fria jogado sobre um recém convertido!!
Percebendo esta rejeição, veja o que fez Barnabé: “…Levando-o consigo, apresentou-o aos apóstolos e contou-lhes como Saulo vira o Senhor no caminho, e que lhe havia falado, e como em Damasco pregara, com desassombro, o nome de Jesus” (At 9,27). Então, o apóstolo foi integrado ao corpo.Porém, como não havia sido “tratado” suficientemente antes de partir para o ministério, Paulo passou a dar problemas para a comunidade, discutindo com os judeus de língua grega (chamados dehelenistas), que o juraram de morte. Ele era ainda um cristão imaturo que, repetimos, carecia de tratamento, de cuidados.
Esta ameaça ao indivíduo Paulo significa também uma ameaça à comunidade da qual fazia parte, por isso “os irmãos, informados disso, acompanharam-no até Cesareia e dali o fizeram partir para Tarso” (At 9,30).
Novamente fora rejeitado pela comunidade. Na primeira vez não queriam que entrasse; agora, forçaram sua saída…
E então o “filho do Paráclito” mais uma vez entrou em ação. Em missão na Antioquia, tendo sido enviado pelos apóstolos justamente para consolidar e encorajar na fé os novos convertidos (cf. At 11,22-24), Barnabé enxergou naquela cidade o ambiente ideal para integrar Paulo e não pensou duas vezes: “partiu… para Tarso, À PROCURA de Paulo. ACHOU-O e levou-o para Antioquia” (At 11,25).
Barnabé é modelo de discipulador tanto por causa do seu perfil (cf. At 11,24a), quanto pela sua atitude junto àqueles que o Senhor lhe confiou. Em Jerusalém doou um terreno para ajudar a comunidade e ajudou na incorporação de Paulo na resistente comunidade. Em Antioquia encorajou uma “grande multidão” (At 11,24), e de lá partiu em busca da ovelha perdida e ferida; como pastor procurou-a, encontrou-a, levou-a consigo e integrou-a de tal modo na vida cristã e no ministério cristão, que o resultado desta parceria BARNABÉ-PAULO (após um ano) fez com que pela primeira vez na história do cristianismo os DISCÍPULOS fossem chamados de CRISTÃOS (cf. At 11,26). Ele cumpriu a visão e o propósito do discipulado e formou o grande formador de discípulos e líderes da Igreja primitiva.