Como corrigir os que erram
“Por isso não mintam mais. Que cada um diga a verdade para o seu irmão na fé,
pois todos nós somos membros do corpo de Cristo” (Ef 4,25).
Nosso Senhor Jesus Cristo resumiu a Lei em um único mandamento: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. O amor fraterno é uma maneira concreta de retribuirmos a bondade de Deus. Ao Deus que nos ama amamos de volta por meio da caridade, já que tudo o que realizamos em favor dos pequeninos é a Ele que fazemos (cf. Mt 25,40).
Tal caridade expressa-se, como temos visto, em obras materiais como dar comida, bebida, vestimenta etc., mas também em obras espirituais, como aconselhar, consolar e corrigir. Ora zelamos pelo bem-estar físico e material dos irmãos, ora pela sua saúde espiritual.
Neste sentido, de grande importância é a correção fraterna que, embora seja uma obra “fora da moda”, é uma das mais eficazes para colocar nossos irmãos no caminho do céu.
Duas dicas para corrigir os que erram
A primeira atitude daquele que vai à correção é dizer sempre a verdade (cf. Ef 4,25). Sim, ter a disposição de dizer a verdade é fundamental. E esta verdade está contida na Palavra Deus, tanto nas Escrituras Sagradas, fundamento de toda a sã doutrina, quando na Sagrada Tradição da Igreja, que por meio do Catecismo, por exemplo, explica com autoridade a verdade das Escrituras. Se tivermos o mínimo de conhecimento desta Palavra de Deus (Escrituras + Doutrina) confrontaremos o erro de nossos irmãos com eficácia, livrando-nos do risco que é confrontar o erro com opiniões, sugestões ou meros palpites.
A segunda atitude complementa a primeira. Trata-se de dizer a verdade em amor (cf. 2 Tm 2,24-26). Esta atitude mostra porque esta é uma verdadeira obra de misericórdia. Dizer a verdade significa ter convicção e firmeza do que está sendo dito. Mas dizer em amor significa a maneira como a verdade deve ser dada, no intuito de salvar (corrigir) e não de arruinar (condenar).
Finalmente, cabem aqui três exemplos para fixar a relação destas duas atitudes. O primeiro é uma comparação. Pense naquele doce chamado rapadura. A boa rapadura é firme, consistente, mas, claro, é doce. Assim deve ser a nossa postura: cheios de firmeza (verdade), mas também de doçura (misericórdia).
Outro é a de um comprimido de antibiótico, por exemplo, amoxilina. É um remédio usado no combate de bactérias. Mas para que a pessoa possa conseguir tomar, o remédio deve ser introduzido no seu organismo por uma cápsula, pois o importante é o efeito que trará o medicamento e não o seu gosto. Terrível é o gosto de uma verdade sem caridade.
Por último, meditemos na sábia frase de São Francisco de Sales: “Numa pequena colherada de mel se apanham mais moscas do que um tonel de vinagre”.