Maria, “barriga de aluguel”?

5) Maria, formadora de santos

Creio que já está claro para nós que Deus não apenas utilizou-se de Maria no Mistério da Encarnação, mas continua servindo-se amorosamente de Sua filha predileta na formação de filhos(a) conforme o Seu Filho. Mas convém aprofundar, sobretudo este segundo aspecto que é a missão de Maria em nos formar para Deus.

A este respeito profetizou São Luiz: “Maria produziu, com o Espírito Santo, a maior maravilha que existiu e existirá – um Deus-homem; e ela produzirá, por conseguinte, as coisas mais admiráveis que há de existir nos últimos tempos. A formação e educação dos grandes santos, que aparecerão no fim do mundo, lhe está reservada…” (TVD 35).

 

A Virgem que gerou o Emanuel (cf. Is 7,14 e Mt 1,22-13) não serviu a Deus como “barriga de aluguel”. Ela, de fato, O acolheu no ventre e O deu à luz, porém, sua maternidade divina não se limitou ao processo biológico da geração, mas como ocorre com qualquer outra mãe, deu também uma contribuição valiosa para o crescimento e o desenvolvimento de Seu Filho (cf. Lc 2,51-52).

São Paulo afirma que a mulher é salva pela sua maternidade (cf. 1 Tm 2,15). A razão é simples: a maternidade, na visão bíblica, colabora com a obra do Criador, é um “sacerdócio”, pois a mãe transmite não somente vida corporal e educação, mas também a fé que estrutura a pessoa. Por isso que ser mãe era uma forte aspiração das mulheres judias e não poder ser causava tanta dor (cf. Gn 30,1).

O que pensar, então, de Maria a partir desta verdade de fé do Novo Testamento?

Seu parto proporcionou ao mundo a fonte da vida plena (cf. Jo 10,10), ou, segundo as palavras do ancião que tomou o Menino nos braços em sua primeira semana de vida: “Eu vi com meus próprios olhos a tua salvação…” (Lc 2,30). Ela trouxe no ventre, nos braços, na sua vida a salvação de Deus.
Se gerou, educou e transmitiu os princípios da Palavra a Cristo, que lhe era submisso (cf. Lc 2,51), o que não poderá fazer conosco?

São Tiago faz uma colocação interessante: “Meus irmãos, por acaso pode uma figueira dar azeitonas ou um pé de uvas dar figos? Assim também, uma fonte de água salgada não pode dar água doce”.

Ora, Jesus é o fruto Bendito de Maria, esta “árvore bendita” de Deus (TVD 44), ensinou-nos S. Isabel (cf. Lc 1,42), por isso não podemos ter medo de beber na mesma fonte de onde o Salvador bebeu e deu de beber (cf. Jo 4,10.14), pois é de água doce, pura, cristalina. Se formou Cristo, como não formará os cristãos? A obra de Deus na vida de Maria não parou, ao contrário, ela continua aberta à vida, gerando filhos, formando santos.

Até o próximo post.

Por Cesar Machado Lima – Comunidade Fanuel