26 – EBS 2016 – 28 de agosto a 03 de setembro

Perdoar as injúrias (parte 1)

“Perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos que nos devem” (Mt 6,12 – Bíblia CNBB).

Perdoar as injúrias é mais uma obra de misericórdia espiritual, que teremos a oportunidade de aprofundar.

Em primeiro lugar vejamos o que significa injúria. De acordo com os dicionários, a injúria é um ato altamente ofensivo, um insulto que viola o direito de alguém. É um estrago, sobretudo à imagem de outra pessoa, uma ofensa grave.

Toda injúria fere o coração, e essas feridas emocionais produzem as mais variadas emoções: raiva, ódio, ressentimento e até vinganças. O problema é que todas as emoções de desamor, longe de fazer-nos bem, destroem-nos profundamente, causando males não apenas psíquicos, mas até mesmo físicos.

Assim, a injúria é altamente destrutiva, porque além da pancada que dá em nossa alma, deixa sérias consequências ou sequelas na vida de quem não se livra dela. A injúria, se não tratada, faz de nossa alma uma prisão, um cativeiro, onde mantemos o outro preso. E isto tem um custo muito alto para nossa vida espiritual… “Investimos” muito de nossa atenção, memória, imaginação e afetos nos “presos interiores” que mantemos no coração quando alimentamos, ao invés de acabarmos com a injúria.

Mas ainda bem que a graça de Deus criou um caminho concreto para livrar-nos deste jugo emocional, uma espécie de remédio infalível para tratar as sequelas da injúria. Chama-se perdão.

O perdão é um dom da graça de Deus, fruto da presença do amor de Deus em nós. Perdoar é próprio de quem já experimentou em sua história a força curativa do perdão, tanto o perdão de Deus, quanto o perdão de pessoas que foram misericordiosas para conosco.

Aos olhos de Deus o perdão é tão importante que esteve presente no ministério do Senhor Jesus, não somente em Suas palavras (cf. Lc 6,27-28), mas também em Seus gestos (cf. 1 Pd 2,21-24), além de ser um ponto decisivo da principal oração cristã, o Pai-Nosso… E há até mesmo um Sacramento dedicado a ele!

O perdão não elimina o mal sofrido, mas assume o mal como passado, fazendo prevalecer uma nova relação entre as pessoas, de graça e misericórdia. Perdão não é esquecimento, mas supõe um trabalho positivo sobre a memória, onde deixamos de ser vítimas das recordações amargas. Não rompemos com a recordação, mas com o contrato de dívida de quem cometeu-nos o mal. É cura ao ofensor e ao ofendido.

O perdão cristão é um ato livre da vontade da pessoa. O perdão nasce dentro de nós e materializa-se em palavras e gestos novos. Para perdoar temos de buscar na oração e na força da fé esta graça, pois é um dom, uma graça, um poderoso remédio que repara nossas relações, tanto com Deus quanto com pessoas.

As Escrituras possuem dezenas de histórias de perdão, mas nenhuma é mais excelente do que o testemunho de Cristo sobre a Cruz, quando disse: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34).

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