27 – EBS 2016 – 04 a 10 de setembro

Perdoar as injúrias (parte 2)

“Felizes as pessoas que têm misericórdia dos outros, pois Deus terá misericórdia delas” (Mt 5,7).

No versículo acima está a base para a prática de todas as obras de misericórdia. Existe aqui uma lei de semeadura: o que plantamos, colhemos. Uma vez que o Senhor é misericordioso conosco, e renova Suas misericórdias diariamente sobre nós (cf. Lm 3,23), temos de ser misericordiosos com as pessoas.

O perdão garante a unidade com Deus e com os irmãos

O perdão é a capacidade divina de tolerar e triunfar sobre a miséria humana, por isso ele é expressão concreta de misericórdia. Quem perdoa age segundo Deus e vai aos poucos se assemelhando ao Bom Jesus. Ele é, portanto, uma importante virtude em nosso caminho de santificação, fundamental na vida espiritual porque envolve a mais importante de todas as virtudes que é a caridade. Embora nos machuque, as injúrias que sofremos devem ser entendidas como oportunidades da Divina Providência para que exercitemos o nosso amor a Deus. Ao perdoar evidenciamos este amor a Deus no amor ao outro.

O perdão é também uma fonte destruidora das obras do mal. Sim, ele desarma as hostes malignas voltadas contra nós, neutraliza estas forças destrutivas e disponibiliza a pessoa (livre e curada) para o poder de Deus. Com o perdão literalmente triunfamos sobre as trevas e vencemos as injustiças provenientes da injúria. E uma vez que nos assemelha a Deus, que é amor, e garante a vitória sobre o maligno, o perdão torna eficazes nossas orações, como ensina-nos o Santo Evangelho, tanto na passagem sobre o Pai-Nosso (cf. Mt 6,12.14-15), quanto na lição da figueira (cf. Mc 11,22-26).

Por último, o perdão nos leva a verdadeira unidade com as pessoas, seja em nossa própria família, seja em nossa comunidade cristã ou ambientes de convivência (trabalho, escola, vizinhança etc.). Está escrito em 1 Pd 3,8: “Finalmente, que todos vocês tenham o mesmo modo de pensar e de sentir. Amem uns aos outros e sejam educados e humildes uns com os outros”.

Ter o mesmo modo de pensar e de sentir não significa uniformidade de gostos nem de preferências, mas uma unidade que se baseia no fato de termos a mente de Cristo, e como Cristo é perdoador, nos tornamos como Ele. Cristo perdoa? Logo, escolho perdoar. Cristo venceu o ódio na Cruz? Logo, escolho vencer todo o ódio e ressentimento. Cristo suportou as maiores vergonhas? Logo, escolho suportar as injúrias.

27 – EBS 2016 – 04 a 10 de setembro