EBS ESPECIAL – Todos os Santos e Finados, duas importantes celebrações no início deste mês
“A vontade de Deus é que sejais santos…” (1 Ts 4,3).
Os dois primeiros dias do mês de novembro são muito importantes no calendário litúrgico da Igreja. No dia 1 celebramos a Solenidade de Todos os Santos e no dia 2 a Festa dos Fiéis Defuntos.
Solenidade de todos os Santos (Dia 1/11 * No Brasil celebra-se no primeiro domingo após o dia 1º) – neste dia a Igreja volta seu coração e olhar para o Céu, contemplando com alegria uma multidão incontável de gente que foi transformada e participa da glória do Deus Santo. A nossa fé ensina que somente Deus é Santo. Esta palavra significa “separado”. Seu sentido é que Deus é infinitamente diferente de nós. Ele é Criador, único, absoluto, Ele sozinho se basta, sozinho é pleno, sozinho é infinitamente feliz.
Mas, a nossa fé também nos ensina que este Deus santo e pleno, dobra-se carinhosamente sobre a humanidade para nos dar a sua própria vida, para nos fazer participantes de sua própria santidade. Foi assim que o Pai, cheio de imenso amor, enviou-nos seu Filho único até nós, e este, morto e ressuscitado, infundiu no mais íntimo de nós e de toda a Igreja o seu Espírito de santidade. Eis, quanta misericórdia: Deus, o único Santo, nos santifica pelo Filho no Espírito.
Santidade significa participar da vida do próprio Deus. Naturalmente não temos direito a isso, mas por meio da Graça de Cristo somos enxertados nesta vida e nos apropriamos daquilo que é Dele.
Desde o Batismo – nossa grande consagração – fomos separados dos demais homens para vivermos esta vida de Deus. A vocação à santidade é própria do batizado. Todo batizado deve ser santo, esta é a finalidade da vida cristã, a nossa meta elevada.
Podemos dizer, portanto, que temos em nós a semente da santidade desde o nosso Batismo. Ela está lá e em potência temos tudo para sermos santos. Tudo mesmo! Porém, tal semente precisa se desenvolver, germinar e a santidade ir aos poucos aparecendo no nosso modo de viver, nas nossas ações e atitudes. Santidade é, portanto, um lindo processo, pelo qual vamos nos tornando semelhantes a Jesus, reapropriando-nos desta graça que perdemos pelo pecado.
Toda pessoa é imagem de Deus, mas somente os santos são Sua semelhança. Toda pessoa pode, em algum momento da vida, falhar em alguma área, por exemplo, um jovem ver fracassar um relacionamento no qual apostava todas as suas fichas. Dói, mas a pessoa consegue dar a volta por cima e depois vir a conhecer outra pessoa. Podemos fracassar em um curso, em uma atividade profissional em determinada empresa. Outro pode fracassar com a falência de seu negócio, enfim.
Mas existe uma área de nossa existência na qual não se pode sequer pensar em falhar, que é a santidade. Isto porque fomos feitos para isso. Sim, Deus te colocou no mundo para que fosses todo Dele, ou seja, santo (a). É isto e nada mais que isto. Como sempre disse Pe. Jonas Abib: “Ou santos ou nada”.
Não fomos feitos para estudar, trabalhar, ter dinheiro, casa, carros, casar, ter filhos, exercer um ministério na Igreja, liderar uma célula etc. Tudo isto é finalidade secundária, caminho ou instrumento para nos elevar à finalidade primária, que é a santidade. O celibatário vive tal vocação em vista da santidade, mas também o casado, casa-se e tem filhos (de preferência muitos) para que ajude seu cônjuge e filhos a irem pra o Céu. O Céu é o destino, o fim e o objetivo da vida. Falhar nisso é fatal, crucial, pois simplesmente leva-nos à condenação, e, diferente das outras áreas da vida, nesta não há retorno nem segunda chance. Do modo como vivemos passaremos a eternidade, em santidade ou na condenação.
A Solenidade de todos os Santos nos convida, então, a olhar para o Céu, onde está a nossa vida (cf. Cl 3,1s). No Céu estão os Santos, uns reconhecidos publicamente pela canonização, outros, cujo nome só Deus conhece. Olhando para o Céu deixemos que o Espírito Santo, qual poderoso GPS, possa nos ajudar a fazer um preciso “novo cálculo da rota”, caso estejamos sem rumo em nossa vida cristã, e, assim, nos recoloque nos trilhos da santidade, porque não podemos viver sem propósito, envoltos neste mundo de estresse, de correria, de competição, que já não crê nos valores verdadeiros, não crê em Deus, na existência da alma espiritual e de nosso destino eterno no Paraíso.
Por fim, reencontremos nos Santos verdadeiros modelos de vida cristã a serem imitados. Muita gente tem seus heróis, atletas, atores, cantores etc.. Nossos heróis são os Santos, gente como a gente que se venceu, que se ofertou, que se disciplinou e se entregou no altar de Deus. Gente que não se arrastava na vida cristã, mas ia ao encontro de Deus apressadamente, lutando contra suas más tendências e paixões, vencendo sua própria carne, o mundo pecaminoso e o próprio Satanás.
Aproveite ainda neste mês, no qual iniciaremos a preparação para a consagração a Nossa Senhora, segundo S. Luiz de Montfort, para fazer bem seus exercícios espirituais (que começarão no dia 5, com os 12 dias preliminares), e será muito importante se cada um de nós puder reler o Tratado e orar com suas páginas, que nos convidam incessantemente a um esforço pela santidade.
Faça o possível também para que seus irmãos de célula sejam preparados para a consagração a Nossa Senhora, lendo e rezando com o Tratado e participando da preparação à consagração em nossas Presenças comunitárias.
Dia de Finados – se no dia 1º contemplamos o Céu, no dia seguinte o foco é o Purgatório. Da inspiração dos perfeitos, passamos à solidariedade com os irmãos que ainda precisam ser purificados.
O Purgatório é uma prisão temporária, um estado de purificação para todos que morrem cristãmente, mas sem terem atingido a perfeição no amor a Deus. É um lugar misterioso onde reina a esperança da glória, mas também gemidos de amor entremeados de cânticos de amor a Deus.
O Dia de Finados é propício para se visitar o cemitério, recordar familiares e orar por eles. Este é um dia no qual praticamos a verdade da Comunhão dos Santos. Nós, Igreja peregrina, nos unimos efetivamente à Igreja padecente, estes irmãos que são ajudados, mas que também oram por nós!
É importante esclarecer que o Purgatório só dá acesso ao Céu, jamais ao Inferno. Quem lá está possui certeza de salvação, mesmo que sua entrada tenha sido adiada por causa dos resíduos do pecado.
Também convém recordar que no Purgatório não se purificam faltas graves, porque estas – também chamadas “pecados mortais” – levam ao Inferno diretamente. O que se purifica aí são pecados veniais, apegos exagerados às criaturas e a dívida temporal dos pecados mortais já perdoados no Sacramento da Reconciliação. Ou seja, embora Deus nos perdoe quando confessamos de modo contrito e somos absolvidos, como o pecado sempre prejudica alguém, até que as consequências deste erro sejam quitadas, a alma não vê a Deus. O Purgatório é, portanto, lugar de justiça, de reparação.
Mas ninguém pense que este estado intermediário é um mar de rosas. “O Purgatório é lugar de dores tão intensas que a menor pena do Purgatório ultrapassa a maior desta vida” (Santo Tomás de Aquino). Mas como o destino final é a glória, “o Purgatório é um feliz estado, mais desejável que temível, pois as chamas que purificam são chamas de amor” (São Francisco de Sales). É como a chinelada disciplinadora da mãe… Dói, mas expressa amor, cuidado com o futuro do filho.
Que neste Dia de Finados possamos ter a plena consciência do que significa, participar amorosamente da Santa Missa {em estado de graça, sem pecado mortal}, rezar pelos fiéis defuntos, visitar algum cemitério e orar pelas intenções do Santo Padre (com um Pai-nosso, Ave-Maria e Glória).
# FICA A DICA: Procure levar estas instruções aos seus irmãos de células.