Sofrer com paciência as fraquezas do próximo (parte 1)
“Ora, não convém que o servo do Senhor viva discutindo,
mas que seja manso para com todos, pronto para ensinar, paciente” (2 Tm 2,24).
Ensina o Catecismo da Igreja Católica: “O Batismo, ao conferir a vida da graça de Cristo, apaga o pecado original e torna a voltar o homem para Deus, porém as consequências de tal pecado sobre a natureza, enfraquecida e inclinada ao mal, permanecem no homem e o incitam ao combate espiritual” (n. 405).
Todos trazemos dentro de nós estas consequências do pecado original: orgulho, egoísmo, inveja, vaidade, preguiça, gula, sensualidade, agressividade etc. A verdade é que por mais adiantado que alguém seja na vida em Cristo, ainda não chegou à perfeição desejada, e antes de viver tal graça sofre e faz outros sofrerem com as suas fraquezas.
A obra de misericórdia em questão é um grande desafio de vida comunitária. Ela trabalha com a verdade, colocando-nos em nosso justo lugar. Temos de pensar que não apenas temos de lidar com as fraquezas alheias, mas jamais esquecer as nossas, com as quais outros vão se ocupar ou sofrer. Neste sentido, ela se aproxima daquela que vimos em outro mês, sobre a correção fraterna. Não se trata de santos corrigindo pecadores, mas pecadores suportando pecadores (cf. Pv 27,17).
O propósito desta obra de misericórdia não é fazer-nos sofrer. Seu propósito é desenvolver em nós a paciência. O sofrimento faz parte do caminho de aprendizado. Todo pai e mãe sofre para educar seus filhos, é inevitável, mas o fruto deste sofrimento faz tudo valer a pena. Mas os pais só se submetem a tal sofrer porque amam, ou seja, porque consideram-se literalmente responsáveis pelos seus filhos.
Quem ama educa, quem ama sofre com paciência. Estas máximas valem não apenas para a vida familiar, mas também para a vida profissional e comunitária e a possibilidade de viver esta obra de misericórdia é diária. Dar esmolar, vestir os nus, consolar pessoas tristes, assistir aos presos etc. são obras que nos desafiam de vez em quando. Mas o fato de termos convivência diária com pessoas (e todas as pessoas serem pecadoras) nos dá a possibilidade de crescer nesta virtude diariamente.
Dentro de sua casa, o que mais te faz perder a paciência? Banheiro molhado? Roupas usadas espalhadas pelo chão? Creme dental destampado? Luz acesa sem necessidade? A bagunça da casa? Comida queimada ou sem sal? Música alta? Quintal largado? Goteiras pela casa? Armário ou geladeira desorganizados?
No seu serviço, o que te faz perder a paciência? A postura autoritária do chefe? O colega de trabalho que ‘larga’ o serviço para você? Aquele que atende o celular e esquece da vida? O que fala alto demais e arranca tua concentração? O companheiro que te passa a perna em busca de suas metas? Quem pega suas coisas e não devolve ou devolve danificado? E no trânsito, como você se comporta?
E na comunidade cristã, o que te faz perder a paciência? Bem, vamos deixar este último tópico para o próximo estudo. Hoje, concentre-se nestes exemplos dados ou em outros que você lembrou ao ler o texto.