Gn 2,24 – Na instituição do casamento Deus deu uma missão própria para o homem: tomar a iniciativa! Está escrito: “Por isso deixará o homem o pai e a mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne” (Gn 2,24);
Cabe ao homem “deixar” sua vida e ir para o mundo da mulher. Isto requer MATURIDADE, pois sendo o mais forte aguenta mais a ruptura.
A MUDANÇA dele é radical. Rompe com o mundo da mãe quando chega na adolescência, tem que achar seu próprio caminho para se tornar alguém (por exemplo, sai de casa mais cedo em busca do trabalho). Por isso deve deixar sua casa, romper vínculos, dependência financeira, ser capaz de tomar decisões e arcar com suas responsabilidades, pois isto o treina para se tornar o provedor e protetor de sua nova família;
O homem deixa “pai e mãe” para se tornar ESPOSO e PAI. Não arruma uma mulher, mas uma esposa, futura mãe de seus filhos. O casamento faz nascer uma família. Não deixará de honrar seus pais, mas aprenderá a ser cabeça, a ser chefe da família.
Ao homem foi dada autoridade para a liderança, ele é o sacerdote do lar, expressão de Deus Pai dentro de casa;
Se UNIRÁ à sua mulher. Quando São José descobriu a gravidez de Nossa Senhora, foi assolado pelas dúvidas e passou pelo momento mais difícil de sua vida. Ele quis jogar tudo para o alto! (cf. Mt 1,19).
Mas, então a graça divina veio-lhe ao encontro e Deus pediu-lhe inclusive para que ele desse o nome ao Menino, definindo, assim, sua identidade (cf. Mt 1,20-21). José foi “muito macho” naquela hora! Ele venceu o medo, confiou nela, esqueceu até de si (e zombaria que ouviria), assumiu o Menino Deus e “acolheu sua esposa” (Mt 1,24). José se uniu, de fato, à Maria! Não fisicamente, mas na alma, no espírito, no sonho e no projeto de Deus;
José não foi transformado em um fantoche. Não. Ele foi esposo e pai e exerceu sua vocação na Sagrada Família com excelência! Tanto que Deus falou mais com ele depois disso do que com a própria Virgem!
A mulher é complemento, é “ezér” (como vimos no artigo anterior), mas cabe a ele a iniciativa. Foi José que ouviu do anjo o plano de Herodes em matar Jesus.
Ele não pensou duas vezes, “levantou-se, de noite, com o menino e a mãe, e retirou-se para o Egito” (Mt 2,14). O homem que é homem é sensível à voz de Deus. Ora antes de tomar decisões (como José antes de acolher Maria) e toma decisões pelo bem de sua casa.
Outra vez o anjo o visitaria para lhe pedir que voltasse a Israel (cf. Mt 2,19);
Deus falou com ele e não com ela. Por que? Porque o homem é o responsável pela família. Deus fez assim e respeita isto. Esta é a lógica divina: “Quero que saibas o seguinte: a cabeça de todo homem é Cristo, mas a cabeça da mulher é o homem…” (1 Cor 11,3);
O homem obedece a Deus, a mulher obedece a Deus no marido. Se o homem tem o olhar voltado para Deus, a mulher pode com segurança ter o olhar voltado para o marido, por isso a Bíblia pede das mulheres submissão aos homens (cf. Ef 5,22). E mesmo quando o homem não é convertido, a Palavra pede o devido respeito às mulheres (cf. 1 Pd 3,1);
“Eles serão uma só carne”. SERÃO, ou seja, não se tornam pelo simples ato de casar-se.
É um processo de aprendizagem, amizade e confiança que se forma, que se conquista.
Leva tempo, evidentemente. CARNE é mais do que vida sexual, é intimidade profunda, união de corpos, sim, mas sobretudo de almas (cf. Ml 2,14).