A proximidade da Cruz

“Agora Jesus sabia que tudo estava completado. Então, para que se cumprisse o que dizem as Escrituras Sagradas, disse: — Estou com sede!Havia ali uma vasilha cheia de vinho comum. Molharam no vinho uma esponja, puseram a esponja num bastão de hissopo e a encostaram na boca de Jesus.Quando ele tomou o vinho, disse: — Tudo está completado! Então baixou a cabeça e morreu.” (Jo 19, 28-30)

O relato da morte de Jesus na cruz feito pelos evangelistas Mateus e Marcos nos contam este mesmo episódio que João acaba de nos relatar. Jesus teve sede e foi-Lhe dado beber vinho comum. Mas os três relatos dizem que a bebida chegou aos lábios de Jesus por uma esponja presa a um bastão, João no entanto, especifica que este bastão era de uma vara de hissopo e aqui há uma linda mensagem de Deus para nós.

O momento da morte de Jesus é a assinatura final do artista da redenção. Deus realizou a obra da salvação por meio da morte de Cristo e isto se completou quando Jesus rendeu Seu espírito lá na cruz.

Notemos que João nos mostra os detalhes do momento imediato desta morte e de que a sede de Jesus era para se cumprir as Escrituras. Claro que, segundo muitos, esta sede de Cristo não era de água nem de vinho, mas de salvação de almas, somente que para que Jesus fosse saciado, usaram um ramo de hissopo e precisamente aqui está um detalhe fundamental para compreendermos porque se cumpria as Escrituras.

O hissopo é uma planta típica da região e também conhecida entre nós. É um pequeno arbusto de várias ramas que atinge no máximo 60cm de altura e dá várias flores azuis que absorvem os líquidos com facilidade. Exala um perfume forte e atraente e por isso era usada em rituais religiosos dos judeus.

Na primeira páscoa dos judeus, quando saíram do Egito, naquela noite o anjo de Deus visitou a terra e a morte se alastrou entre os primogênitos do país opressor. Para que as casas dos hebreu não fossem atingidas eles deveriam pintar com sangue de um cordeiro os batentes da porta de entrada e para fazerem isto usaram ramos de hissopo como pinceis (cf.Ex 12, 22).

No dia em que Cristo venceu o pecado e realizou a Páscoa definitiva esta Escritura se cumpriu, porque Ele, sendo a porta das ovelhas como havia dito (cf. Jo 10, 7) deixou-Se borrifar de vinho comum para mostrar que o Seu sangue que O cobria por completo tornava-se em bebida de salvação e que a porta estava pintada para a passagem dos salvos. Não mais a morte caía sobre os homens, mas agora a vida, porque Deus permitiu morrer ao Seu primogênito filho, sendo Jesus o primeiro de todos os filhos de Deus que são os salvos (cf. Cl 1, 18), para que não morresse aos demais, e a porta que sinalizou na antiga Páscoa a proteção aos hebreus é agora a porta nova que protege a todos que sob ela se guardam.

Mas vejamos bem, há um detalhe importante a considerar neste uso do ramo de hissopo. Não há aqui apenas a referência á planta usada na primeira Páscoa para mostrar a relação profética, também Deus está nos dando algo novo.

Se o ramo de hissopo não poderia atingir mais do que 60cm, considerando o braço estendido e a altura do soldado romano que o levou aos lábios de Cristo, podemos perceber que Jesus não estava muito distante do chão, ou seja, a cruz não era tão alta. Na verdade, aqui o Espírito Santo não está interessado em nos contar a altura física do madeiro da cruz, não há o interesse bíblico em nos dar um dado histórico, mas há uma revelação espiritual incrível.

Nos conta João que o local onde a cruz foi posta se chamava Calvário e que este local era próximo da cidade. Nos diz também que as pessoas podiam ver Jesus ali e que podiam até mesmo ler a placa que fora colocada sobre sua cabeça (cf Jo 19, 17-19). Nos conta também que Jesus podia falar com as pessoas que estavam aos pés da cruz e também ouvi-las. Considerando o sofrimento agonizante podemos deduzir que Jesus não falava com forte voz, mas ainda assim podia ser ouvido, porque Suas palavras foram registradas.

Pois bem, juntando todas essas informações, entendemos porque citar que tipo de ramo foi usado, porque nos diz que Jesus crucificado estava mui próximo das pessoas e isto nos diz que a cruz está próxima de todos os homens. Desde a cruz Deus nos enviou a mensagem da salvação e qualquer pessoa pode tocá-la para que seja salvo, é precisamente disso que nos fala Paulo em Rm 10, 6b-12: “‘Não fique pensando assim: quem vai subir até o céu?’, isto é, para trazer Cristo do céu. ‘Nem pergunte: quem descerá ao mundo lá de baixo?’, isto é, para fazer com que Cristo suba do mundo dos mortos. O que Moisés diz é isto: ‘A mensagem de Deus está perto de você, nos seus lábios e no seu coração’ — isto é, a mensagem de fé que anunciamos. Se você disser com a sua boca: ‘Jesus é Senhor’ e no seu coração crer que Deus ressuscitou Jesus, você será salvo. Porque nós cremos com o coração e somos aceitos por Deus; falamos com a boca e assim somos salvos. Porque as Escrituras Sagradas dizem: ‘Quem crer nele não ficará desiludido.’ Isso vale para todos, pois não existe nenhuma diferença entre judeus e não-judeus. Deus é o mesmo Senhor de todos e abençoa generosamente todos os que pedem a sua ajuda.”

Jesus Salvador pode ser acessado na cruz por toda pessoa, Ele está muito próximo de nós. A salvação está ao alcance de todos. Todos podem ver a mensagem de Deus para a humanidade e podem ouvir a Sua voz, todos podem tocar em Jesus e podem passar por Ele como a porta da Salvação, podem se abrigar sob Ele e livrar-se da morte do pecado e do antigo opressor.

É por tudo isso que o escritor aos hebreus declara: “Por isso tenhamos confiança e cheguemos perto do trono divino, onde está a graça de Deus. Ali receberemos misericórdia e encontraremos graça sempre que precisarmos de ajuda.” (Hb 4, 16).

Vinde toquemos na cruz e sejamos salvos, saciemos a Jesus com nossas almas e sejamos saciados da sede da salvação.

Em Cristo
Sandro F. Peres