3) Necessidade da devoção à Santíssima Virgem Maria (parte 2)
No artigo anterior vimos que além da infinita diferença existente entre Maria e o Senhor, nosso Deus e Criador, a Bíblia nos mostra claramente privilégios recebidos por esta mulher, obra de Deus em sua vida.
Mas que obra foi essa que o Senhor realizou nela, mesmo?
Bem, o maior de todos os milagres, que para descrevê-lo tomo as palavras de São Paulo: “Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher…” (Gl 4,4). No capítulo I do Tratado, sobre a necessidade desta devoção, São Luiz compartilha dois princípios, sendo este o primeiro: Deus quis servir-se de Maria na Encarnação (TVD 16s). Este é o grande milagre!
Nós não deixamos nossos filhos nas mãos de qualquer pessoa, certo? E ainda mais quando este filho é o único! Ora, Deus também não…
Muita gente na história da salvação recebeu dons incríveis: Abraão, a promessa da terra e da descendência; Moisés, as tábuas da Lei; Elias, o fogo da profecia; Isaías, a visão do Messias; Davi, a realeza; Salomão, a sabedoria; mas nenhum destes dons pode ser comparado ao dom concedido à Virgem Maria.
Ela não recebeu algo de Deus, ela recebeu Deus mesmo!
O Pai escolheu esta via chamada Maria para vir até nós com o dom precioso do Seu Filho, nosso Salvador e o anjo do Senhor afirmou a grandeza de Maria, quando saudou-lhe: “Alegra-te, cheia de graça [kecharitoméne]” (Lc 1,28).
Maria foi cumulada de graça (chaire) em função de sua maternidade divina. O que os nossos primeiros pais perderam no pecado, ou seja, a plena amizade e comunhão com Deus, reapareceu na pessoa de Maria. A plenitude de graça indica, segundo João Paulo II, “a profusão de dons sobrenaturais com que Maria é beneficiada em relação com o fato de ter sido escolhida e destinada para ser Mãe de Cristo” (RM, 9)*.
Kecharitoméne é como que o nome como ela é conhecida diante do Pai! Note que o anjo a chamou assim antes mesmo de mencionar Maria (cf. Lc 1,28-30). Kecharitoméne significa “aquela que se tornou cheia de graça”, a “a cumulada de graça”. Ela recebeu graça plena, perfeita e duradoura, pois dela viria Aquele que nos salvaria pela graça e que cumpriria, com o sacrifício de Sua vida, o precioso ensino do NT: “Onde avultou o pecado, a graça superabundou, para que, como imperou o pecado na morte, assim também imperasse a graça por meio da justiça, para a vida eterna, através de Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 5,20).
Até o próximo post.
Por Cesar Machado Lima – Comunidade Fanuel
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* Carta Encíclica Redemptoris Mater – Papa João Paulo II