Dons especiais para tempos especiais

“– Como o lírio entre os espinhos, assim é minha amada entre as jovens. Meu bem-amado é para mim, e eu para ele; ele apascenta entre os lírios.” (Ct 2, 2.16)

Há tempos mui especiais durante um ano, tempos em que nos alegramos, confraternizamos e recordamos muitas coisas, tempos em que as pessoas se presenteiam, fazem banquetes e festas, quando trocam mensagens e professam desejos e votos, uns para com os outros e para si mesmos. É muito bonito nessas épocas ver as declarações de bons tempos e de felicitações, as declarações de amor… Ah, o amor!

Quando terminamos um ano e quando iniciamos outro essas coisas todas se renovam e as almas parece ficarem mais leves, os bons propósitos parecem se renovar. Se assim é entre os pecadores, quanto mais se deve considerar o amor e os propósitos de Deus, que se renovam não somente a cada data importante ou a cada ano, mas se renovam a cada manhã.

As almas que sabem celebrar o Divino Amor compreendem bem o que significa serem um lírio entre os espinhos, compreendem o quanto o Senhor tem trabalhado para fazê-las florescer em meio aos sofrimentos desta vida. Quantos foram os espinhos que você enfrentou até aqui? Entre todos eles, se você deixou o Senhor trabalhar em você, então, entre todos eles sua alma está florescendo como um lírio.

Repletos de encanto, mistério e magia, os lírios fazem parte da história da humanidade há muitos séculos. Nessa trajetória, encontram-se misturas de lendas, misticismo e religiões. Esse tipo de flor é muito mencionada em livros sagrados, como a Bíblia. A pureza, castidade e inocência estão entre os principais símbolos associados, por esse motivo, são muito presentes em buquês de noiva. Em meio a um mundo tão corrompido, tão sobrecarregado de ódio e impureza, em meio a tantas dores e dissabores, receber de Deus a declaração de que nossa alma está florescendo qual lírio entre espinhos significa o mesmo que ser convidados pelo Senhor para que sejamos desposados por Ele. Assim é com as almas que se tornam nobres, aquelas que ingressam na escola de Maria Santíssima, escola de amor e dedicação de si mesmos para a maior glória de Deus. Essas almas desabrocham como um lírio perfumado exalando o odor do amor a Deus e, entre espinhos, tornam-se fecundas e atraentes para outras almas que assim poderão voltar a Deus.

“Para as almas simples não convêm meios complicados. Como sou do número destas, uma manhã, durante a ação de graças, Jesus deu-me um meio simples de cumprir a minha missão. Fez-me compreender esta palavra do Cântico dos Cânticos: ‘atraí-me, nós correremos ao odor dos vossos perfumes’ (Ct 1, 4). Ó Jesus, nem sequer é necessário dizer: ‘Atraindo-me, atrai as almas que amo!’ Esta simples palavra: ‘Atraí-me’, basta. Senhor, eu compreendo. Quando uma alma se deixou cativar pelo odor inebriante dos vossos perfumes, não seria capaz de correr sozinha: todas as almas que ama são arrastadas atrás dela. Isto faz-se sem constrangimento, sem esforço, é uma conseqüência natural da sua atração para Vós. Assim como uma torrente, lançando-se impetuosamente no oceano, arrasta consigo tudo o que encontrou no seu percurso, do mesmo modo, ó meu Jesus, a alma que mergulha no oceano sem limites do vosso amor, leva com ela todos os tesouros que possui…”. (Santa Teresa do Menino Jesus – Manuscrito C da História de uma alma)

Deus mesmo declara Seu amor às almas desposadas e por meio delas passa a apascentar Seu rebanho que se reúne entre esses lírios.

Neste tempo que se renova podemos receber a graça da atração, de sermos atraídos para uma vida florescente e perfumada, mesmo entre espinhos, e de atrairmos um rebanho para o deleite do coração de Deus.

Em Cristo
Sandro F. Peres