Escritura | Ef 5,21-25
O SIM LIVRE e AMOROSO dado um ao outro no altar funda a família. A celebração do Matrimônio, porém é apenas o início de um projeto divino, de uma missão a dois, não o seu fim; Não se trata de uma formatura, onde comemos, dançamos, tiramos fotos e nos despedimos dos colegas de escola, indo cada um para seu lado;
O casamento é uma tarefa, um caminho que precisa ser encarado com fé, humildade, renuncias… Disse o Papa Francisco:
“O matrimônio é também um trabalho para realizar em cada dia, poderia dizer um trabalho artesanal, uma obra de ourivesaria, uma vez que o marido tem a tarefa de fazer com a sua esposa seja mais mulher, e a esposa tem o dever de fazer que com que o marido seja mais homem” (14/02/2014);
Ourivesaria vem de ourives, que é o profissional que trabalha com metais preciosos, de modo especial o ouro. Uma arte que vem da Antiguidade (cf. 1 Rs 9,28; Jó 28,16; Sl 44(45),10). Seu trabalho não é instantâneo, imediato, trata-se de um processo, como o casamento;
Primeiro ele toma o ouro e o derrete. A fundição que aparentemente acaba com ele, na verdade o prepara para ser ainda melhor. Assim, na família os dois precisam deixar-se fundir, abrindo mão de certas coisas, desfazer as malas da solteirice e dos padrões familiares anteriores, para começarem a criar seu novo e próprio estilo de vida;
Quantas famílias começaram sem um estilo próprio, justamente por que no namoro e no noivado os dois não faziam o básico que era dialogar?
Na Igreja investe-se 8 anos para formar um padre; e para formar um casal? Serão suficientes as 8 horas de um cursinho de noivos?
Quem não é casado – precisa pensar nisto, buscar apoio, aconselhamento, ler coisa boa, ouvir pregações, orar e pedir a Deus sabedoria para construir uma família. Se perceber que está ao lado da pessoa errada deve romper;
Quem é casado – precisa ter um projeto em comum, entender que casamento é missão conjunta. O casal que começou errado tem sim condições de corrigir a rota, se abrindo à graça e à ajuda de outros casais.
Para mudar precisa desenvolver novos hábitos como o diálogo, o planejamento familiar e educação dos filhos, o orçamento doméstico, a divisão dos trabalhos domésticos, o engajamento na Igreja, o tipo de relação a se cultivar com familiares (pais, sogros) e amigos, rotina de horários etc.;
Não podemos improvisar (“deixa a vida me levar, vida leva eu”) ou cuidar só do básico (trabalhar e lutar pelo bem dos filhos), não! É preciso conhecer o outro, ouvi-lo, perguntar como era sua infância, seus costumes, questionar atitudes que não lhe fazem bem…
Não se pode temer o confronto nem se deve usar máscaras no casamento. E diante dos inevitáveis choques da ourivesaria (fogo, prensa, martelo etc.) temos de ter maturidade para entender que tudo isto faz parte da missão que é o casamento, a missão de ser melhor a cada dia, de aprender a amar e a servir, de ser santo, de ser um homem ou uma mulher segundo a vontade de Deus;
Mais do que formar uma casa (espaço físico), o casal deve construir um espaço afetivo comum. As duas pessoas tão diferentes têm que aprender a conviver, falar do que gostam, do que desejam, de como querem educar os filhos, dos sonhos de conquistas materiais, traçar um plano!
Por Cesar Machado Lima
Comunidade Fanuel