Família, sinal de vocação

Logo após criar o primeiro homem, Deus viu que que este se encontrava em solidão e disse: “Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda semelhante.” E das costelas de Adão, Deus forma Eva, a mãe dos viventes. Adão fica feliz: “Isso sim é osso dos meus ossos, carne da minha carne.” E Deus continuou: “Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá a sua mulher e os dois serão uma só carne.”

 

Deus então, ordena ao casal: “Sede fecundos, multiplicai-vos, submetei a terra.” Deus pensou no matrimônio como uma ajuda mutua, uma ajuda semelhante a que Ele mesmo dava a Adão, um sinal da grande origem e da vocação de todo homem: Chamado por amor para amar; chamado a comunhão. Este foi o grande plano de Deus para o homem: ser uma ajuda semelhante, um reflexo do mesmo amor que Ele quer dar para cada um dos seus filhos. Somente sendo amados e amando aprendemos amar, eis a nossa vocação. Foi somente com o pecado que esta relação de paz, comunhão e amor mudou para relações de domínio, utilidade e opressão. Isso não foi o que Deus pensou para a família! Como deve ser uma família? Como podemos chegar a viver nossa vocação à comunhão?

 

Olhando para o mistério do Natal
Belém, Bet-lehem, significa “a casa do pão”. Não é à toa que o menino Jesus, nosso Salvador, foi reclinado numa manjedoura, num lugar onde se serve o alimento que os animais necessitam para sobreviver. Jesus vem numa gruta, num lugar desprovido de quase tudo, sem calor, sem luxo, sem o conforto necessário para uma jovem mãe e para um recém-nascido para nos ensinar que pode faltar quase tudo em nossas vidas, que muitas coisas são supérfluas e poucas, uma só, é necessária: o amor.

 

É o amor o que protege a família dos ventos do mal do mundo, é o amor que fortalece os pais para trazerem o alimento para o crescimento dos filhos, é o amor que os veste de dignidade e os educa como filhos livres, é o amor que dá a vida, a vida física, a vida psicológica, a vida espiritual. Por que encontramos tantas crianças abandonadas, passando fome, solitárias e feridas? Porque faltou e falta amor.

 

A Bíblia nos ensina a fundar nossa vida e nossa família na rocha de Cristo, lares fundados num amor livre, renovado todos os dias, num diálogo cheio do amor familiar que cancela todo tipo de opressão e de cobrança, mas ao mesmo tempo num amor que se transforma em fidelidade.

 

Mas como chegar a ter uma família assim?
A família não nasce de repente; ela se constrói passo a passo. É necessário estar à escuta de Deus para que Ele nos revele seu plano para nós, a vocação que nos deu e, se for o matrimônio, que nos guie na eleição da esposa e do esposo com fez com Isaac e Tobias (cf. Gen 24,42s; Tob 3,16s). Depois, saber que o mesmo Deus une o homem e a mulher transformando esta escolha que os dois fizeram por constituir uma família como numa consagração que supera os mesmos esposos: os constitui um para o outro nesta ajuda mutua, semelhante ao socorro que Ele mesmo quer dar para cada um dos seus filhos. Este matrimônio é sinal da mesma aliança que Cristo instituiu em Seu sangue dando sua vida pela sua esposa, a Igreja, para que fosse santa e sem manchas, toda bela. A família é o lugar da doação: “Eu vim para que todos tenham vida e todos tenham vida plenamente.”

 

Deus quer construir uma casa, quer nos dar uma família onde sejamos amados como Ele nos ama e onde aprendamos amar, pois é dando que se recebe. Família é o lugar da acolhida, da compreensão, do perdão, da ajuda mútua, da paz e da alegria. E este amor, como o pão, se prepara cada dia.

 

Que sua família tenha um Santo e Feliz Ano Novo, firmado na Rocha que é Cristo, caminhando em sua Via de Amor chamada Igreja Católica Apostólica Romana.

 

Sergio Luiz Matias – Consagrado da Comunidade Fanuel, Rosto de Deus.