“Anelai, pois, pelas minhas palavras, reclamai-as ardentemente e sereis instruídos.(…)Quem, para possuí-la, levanta-se de madrugada, não terá trabalho, porque a encontrará sentada à sua porta”.(sab 6, 11.14)
Ansiar pela Palavra de Deus é um conselho utilíssimo que o Espírito Santo nos dá. Nós necessitamos da Palavra sempre, tudo foi criado por ela, também nós; a Palavra está na raiz de nossa existência e por isso necessitamos dela mesmo que não o reconheçamos, mas eu desejo chamar a atenção para o verbo ansiar.
Vamos notar que o autor sagrado fala que quem anseia pela Palavra a reclama ardentemente, porque ansiar não é apenas necessitar e nem mesmo saber-se necessitado, ansiar é como ter sede, quando estamos sedentos procuramos pela água, reclamamos um copo d’água e o bebemos com satisfação, por isso aquele que anseia pala Palavra de Deus levanta-se de madrugada para obtê-la.
Buscar a Palavra não é tão somente ler as Escrituras Sagradas, precisamos entender que a Bíblia contém a Palavra de Deus, mas, a Palavra não se contém completamente em um livro ou em 73 livros, a Palavra é uma Pessoa e já se encarnou, e ainda mais, se tornou em alimento sacramental.
A Palavra é ainda uma experiência com Deus, ela se dá ao nosso coração por isso aquele que a deseja ardentemente a encontra na sua porta, porque ela mesma cria o desejo de si e nós a encontramos em nossa espera porque Deus quer dar-Se.
A Palavra contém a sabedoria e esta é comunicada aos corações ardentes e estes são aqueles que a desejam em tempos de paz, sim, porque em tempos de guerra as multidões se abrem para a esperança, a maioria quer uma luz no fim do túnel… mas em tempos de paz costumamos adormecer tranquilamente e isto mostra que estamos correndo o risco de tratar a Palavra como uma necessidade de socorro e não de vida diária.
Os tempos de paz provam mais que os tempos de guerra, porque o sábio se faz na abundância, pois é nesta circunstância que se pode armazenar para o infortúnio. Quando José compreendeu o sonho do Faraó então demonstrou sabedoria ao dizer que nos sete anos de fartura deveriam armazenar para os sete anos de escassez (cf. Gn 41, 17-36).
Portanto, vamos começar a ser ansiosos pela Palavra, mas não da ansiedade ruim, gerada pela sensação de derrota, de impotência, de expectativa desesperada, vamos ser ansiosos no tempo da bonança, de uma ansiedade pacífica e construtora de corações que escutam, que amam, que perdem o sono para poder adorar e estar em comunhão.
Deus Se revelará a nós muito mais próximos do que imaginamos, e veremos que Ele não é o pão dos famintos, mas a saciedade diária dos sábios.
Sandro Fatobene Peres
Fundador da Comunidade Católica Fanuel, Rosto de Deus.