“Jesus chorou” (Jo 11, 35).
Estamos diante do versículo mais breve das Escrituras Sagradas e ele nos impressiona e fala-nos uma mensagem extensa e profunda.
Este verso da Palavra de Deus primeiramente nos mostra a completa humanidade de Jesus e isto é tremendo, pois quando o unimos ao que o mesmo evangelista S. João disse: “No começo aquele que é a Palavra já existia. Ele estava com Deus e era Deus (…) A Palavra se tornou um ser humano e morou entre nós, cheia de amor e de verdade. E nós vimos a revelação da sua natureza divina, natureza que ele recebeu como Filho único do Pai.” (Jo 1, 1.14), então compreendemos que Jesus que é Deus verdadeiro tornou-se homem verdadeiro e esta união em Cristo do divino e do humano tornou possível a re-união do humano com o divino, quero dizer, Deus, sem deixar Sua natureza divina, tornou-Se homem verdadeiro, para que a natureza humana caída pelo pecado pudesse novamente encontrar a união com Deus para a salvação.
As lágrimas de Jesus nos falam exatamente de salvação. Jesus chorou pela nossa salvação, o Seu coração se comoveu porque conheceu a nossa dor sem ter sido pecador, mas vivendo no meio dos pecadores e comendo com eles soube à experiência o que é a miséria humana, e mais ainda nos amou até chorar por nós.
Este brevíssimo versículo de João 11 nos fala não somente da humanidade de Cristo, mas de Sua paixão pelos seres humanos, porque se lermos os outros versículos que o precedem e o sucedem, ou seja o que vem antes e depois, vamos assistir à cena do luto de uma família composta de três pessoas, Lázaro, Marta e Maria, três irmãos que faziam parte da família de Deus e do grupo de amigos de Jesus.
Essas três pessoas falam da nossa humanidade, falam daquilo que o apóstolo Paulo disse em I Ts 5, 23: “Que Deus, que nos dá a paz, faça com que vocês sejam completamente dedicados a ele. E que ele conserve o espírito, a alma e o corpo de vocês livres de toda mancha, para o dia em que vier o nosso Senhor Jesus Cristo.”
Os três irmãos por quem Jesus chorou nos mostram o ser humano nesta composição que S. Paulo apresentou porque para a época as mulheres dependiam completamente dos homens então Marta e Maria dependiam de Lázaro para que sobrevivessem dignamente neste mundo, mas ele morreu e isso nos fala de nosso corpo, nossa carne material que anda neste mundo e se relaciona, é ela quem morre; Marta entre os três é aquela mais racional, mais questionadora e ativa, nos fala de nossa mente ou alma e Maria por fim é a mais intuitiva, mais interiorizada, mais espiritual e nos fala de nosso espírito. Aí está o ser humano, as suas dores em todo seu ser causam as lágrimas de Cristo. Deus está interessado em tudo de nós, em tudo o que nos importa.
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As lágrimas de Cristo ainda hoje valem por nossa salvação completa, por curar nosso corpo a quem Ele ressuscitará um dia, como fez a Lázaro, por isso nos cura hoje, por isso um dos sinais do Reino é a cura dos corpos feridos, Ele toca suas doenças físicas.
As lágrimas de Cristo lavam nossas almas, nossa mente, nossa memória e afetos, porque nos quer menos agitados e ativistas, nos quer purificados e concentrados para que nossas capacidades de alma sejam fortes e produtivas. Ele cura os corações, perdoa os pecados, lava o passado que oprime e faz vislumbrar o futuro de graça. Ele dá entendimento e abre nossas mentes para Sua Palavra.
As lágrimas de Cristo banham nosso espírito e nos comunicam em linguagem espiritual as verdades profundas do amor de Deus, do pecado e da salvação, do enchimento com o Espírito Santo. Ele nos une ao Seu Espírito e nos dá vida eterna para tornar nossa alma espiritual e um dia nosso corpo ressurreto, também espiritual.
Enfim, as lágrimas de Cristo são por nós. Deixemo-nos tocar por elas e sintamos a paixão do Salvador, todo o nosso ser será curado e a vida vencerá a morte.
SANDRO FATOBENE PERES – FUNDADOR DA COMUNIDADE FANUEL – ROSTO DE DEUS